Jornalista escreve Livro: "Um ano Bíblico"
Em Um ano bíblico, lançado pela Agir, o jornalista norte-americano A.J. Jacobs destaca mais de 700 mandamentos para seguir durante um ano, de forma mais fiel possível. A experiência resulta em um livro divertido e surpreendente. Depois de ler a Enciclopédia Britânica inteira para o livro The know-it-all, Jacobs resolveu ler a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, para descobrir se o que foi escrito em 1512 a.C. ainda pode ser seguido nos dias de hoje. Não cobiçar a mulher do próximo, não matar, não dizer o nome de Deus em vão, não criar intrigas… Como viver sob essas regras em uma cidade como Nova York? E como segui-las sendo jornalista? O livro foi um best-seller do New York Times.
De família judia e declaradamente agnóstico, o autor se tornou um ultrafundamentalista por um ano, interpretando literalmente os preceitos bíblicos que destacou, dos Dez Mandamentos a outros nem sempre lembrados, como não fazer a barba e não usar roupas que misturem lã e linho. O lado sério da obra é o responsável por mostrar as diferentes perspectivas existentes quando o assunto é religião: Jacobs se vê em uma jornada espiritual, conhecendo fundamentalistas em Israel, Ohio e Kentucky, e entende a excêntrica história religiosa de sua própria família.
Leia alguns trechos do livro:
TRECHO 1: "Minha barba está crescendo de forma acelerada. Já estou começando a parecer um pouco desleixado, algo entre um hippie do Brooklyn e um desses caras que passa o dia todo ocioso numa loja de apostas em corridas de cavalos. O que está ótimo para mim. Estou gostando de não ter de fazer a barba. Posso estar gastando todo o meu tempo em tarefas bíblicas, mas ao menos não estou desperdiçando três minutos todas as manhãs em frente ao espelho.
Para o café da manhã, pego uma laranja na geladeira. Minha alimentação também será uma coisa complicada ao longo deste ano. A Bíblia proíbe muitas coisas: carne de porco, camarão, coelho, águia e gavião-pescador, dentre outras. Alimentos cítricos, porém, são permitidos. Além do mais, as laranjas existem desde os tempos bíblicos - um de meus livros inclusive afirma que o fruto proibido do Jardim do Éden era uma laranja. Com certeza não era uma maçã, uma vez que não existiam maçãs no Oriente Médio dos tempos de Adão."
TRECHO 2: "(...) A Bíblia não especifica o tamanho das pedras, portanto eu usaria pedrinhas minúsculas.
Há alguns dias, recolhi um punhado de pedrinhas brancas do Central Park, que amontoei nos bolsos de trás das minhas calças. Agora, só me faltavam algumas vítimas. Decidi começar por violadores do sabá. Isso é muito fácil de se encontrar nesta cidade viciada em trabalho. Eu reparei que um sujeito barrigudo que trabalha na locadora de automóveis Avis a um quarteirão de nossa casa trabalhara tanto no sábado quanto no domingo. Assim, sob todos os aspectos, ele é um violador do sábado.
Mas eis o problema: mesmo com pedrinhas minúsculas, é difícil demais apedrejar as pessoas.
Meu plano era passar a pé pelo violador do sábado, aparentando indiferença, e então arremessar as pedrinhas de leve às suas costas.
Mas depois de passar algumas vezes por ele sem fazer nada, percebi ser uma má ideia. Uma pedrinha arremessada, por menor que fosse, não passaria desapercebida.
Eis o meu plano revisado: eu fingiria ser desajeitado e deixaria a pedrinha cair sobre o seu sapato. Assim fiz."
TRECHO 3: "Não sentar em cadeiras impuras (usadas por mulheres menstruadas) representa um desafio bem maior. Cheguei em casa esta tarde e já estava para desabar sobre minha poltrona oficial de cor cinza, de um material que imita couro, e que fica em nossa sala de estar.
- Eu não faria isso - disse Julie.
- Por quê?
- Está impura. Eu sentei nela. - Ela nem se dignou a levantar os olhos do episódio de Lost gravado em seu TiVo.
Muito bem. Ótimo. Já entendi. Ela continua não gostando das leis sobre a impureza. Mudei para outra cadeira, a de plástico preto.
- Sentei nessa também - disse Julie. - E nas que estão na cozinha. E na poltrona do escritório.
Preparando-se para minha volta para casa, ela sentou em todas as cadeiras do apartamento, algo que me incomodou mas também me deixou impressionado. Parecia como na tradição bíblica das mulheres empreendedoras - assim como Judite, que seduziu o malvado general Holofernes apenas para decapitá-lo quando se encontrava bêbado.
Por fim, sentei-me no banquinho de madeira do Jasper, com seus 15cm de altura, que ela esquecera, de onde digitei meus e-mails em meu notebook, com os joelhos quase encostados no queixo.
No dia seguinte, faço uma busca na internet e descubro uma solução que custa trinta dólares para o problema da cadeira: um assento portátil. Trata-se de um bastão de alumínio que se desdobra num minibanco de três pernas. Ele é oferecido para os idosos, bem como aos "indivíduos que sofrem de asma, artrites, cirurgia na bacia ou na perna, fibromialgia, dores nas costas" e diversas outras indisposições."
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Repórter
??????
site ruim
Re:site ruim
se liga.
se tem alguma noticia, fale. nao critique.
Re:Re:site ruim
Prefiro má notícia do que nenhuma.